Os brasileiros a conhecem da
cozinha mineira, pois é um acompanhamento perfeito para a famosa
feijoada. Refogada com alho ou crua na forma de salada, esse vegetal
popularizado pelos escravos compõe a lista dos alimentos funcionais que
previnem até o câncer.
Segundo a
Embrapa, a couve é originária da Europa, mais especificamente da região da
Jônia, na Grécia. Usada como alimento pelos gregos, que descobriram seus
poderes medicinais, ela se espalhou pelo mundo pelas mãos dos romanos na época
greco-romana.
Mas a história pode ser um pouco mais complexa do que se imagina, pois muitos historiadores colocam em xeque o local onde ela surgiu. Afinal, sua linhagem não é pequena.
Mas a história pode ser um pouco mais complexa do que se imagina, pois muitos historiadores colocam em xeque o local onde ela surgiu. Afinal, sua linhagem não é pequena.
De acordo
com a revista virtual Vegetarians in Paradise (Vegetarianos no
Paraíso), uma publicação norte-americana que fornece diversos tipos de
informações para esse público, alguns arquivos históricos apontam também a
região da Turquia como sendo o local onde essa saborosa verdura passou a ser
cultivada. E mesmo que os gregos tenham desenvolvido e cultivado variedades de
couve em suas terras, há evidências de algumas espécies de couve na Ásia.
Apesar de
hoje tanto a couve quanto seus parentes crucíferos serem muito apreciados,
principalmente no Brasil, houve um tempo em que esses vegetais eram consumidos
a contragosto. Isso porque eram considerados mau cheirosos, pouco sofisticados
e causavam flatulência. Muitos povos o faziam apenas porque as plantações
resistiam bem ao inverno. Hoje, além da cozinha brasileira, a couve está
presente em pratos no sudeste asiático e no continente africano.
Nome
Ela não
só tem nome como também tem sobrenome e muitos parentes próximos. Vegetal
crucífero da família das Brassicaceae, a couve, ou Brassica
oleracea, é da mesma linhagem do repolho, do brócolis, da couve-flor e da
couve de bruxelas. E assim como os diversos vínculos familiares, ela também tem
muitos nomes diferentes, como collard greens em inglês, gemüsekohl em
alemão, berza em espanhol, chou cavalier em
francês e cavolo em italiano.
Propriedades nutricionais
O médico
nutólogo Eric Slywitch esclarece que cada 100 g de couve crua contêm 145 mg de
cálcio, além de 169 mg de potássio e apenas 30 Kcal. E explica: "a cor
escura reflete a pigmentação do vegetal. O teor de clorofila tende a ser
elevado nessas verduras, assim como de outros nutrientes". E alerta:
"não é porque a folha é escura que conterá elevados teores de ferro".
Apesar de
não ser um dos vegetais com maior disponibilidade de ferro (tem 0,19 mg
enquanto que o agrião, por exemplo, tem 3,1 mg), ela pode ser uma fonte desse
mineral quando combinada com outros alimentos. "A combinação de ferro com
vitamina C é importante para a melhor absorção desse mineral. As verduras cruas
costumam ter um bom teor de vitamina C, que por si só já estimulam a absorção
do ferro." Eric sugere o consumo de folhas verdes escuras com acerola,
goiaba e pimentão (fontes de vitamina C), pois essa combinação pode auxiliar
ainda mais a absorção de ferro pelo organismo.
Propriedades medicinais
Jocelem Mastrodi
Salgado, professora titular da Faculdade de Nutrição, da Universidade de São
Paulo, explica em um de seus artigos que os vegetais crucíferos, como a couve,
são alimentos funcionais que podem prevenir doenças graves como o câncer.
"As propriedades anticarcinogênicas têm sido atribuídas ao alto conteúdo
de glicosinatos encontrado nesses vegetais." Substância essa que se
encontra estocada nas células deses alimentos, de acordo com a nutricionista.
Além disso, Jocelem escreve que a couve, junto com a couve-flor e a couve de
bruxelas, é fonte segura de vitamina C e beta-caroteno. E, como todos os
crucíferos, é rica em fibras que regulam as funções do intestino.
Segundo a
nutricionista, a melhor maneira de consumir tanto a couve quanto o repolho é na
forma crua ou pouco cozida, porque assim as vitaminas e as substâncias
anticancerígenas podem se manter intactas e atuar no organismo. "Até hoje
não foi estabelecida qual a quantidade ideal de consumo dos vegetais crucíferos
para prevenir doenças, mas a ingestão de uma xícara de chá desses vegetais duas
vezes ao dia é suficiente para bloquear as substâncias cancerígenas",
sugere Jocelem.
Curiosidades
Segundo a Vegetarians
in Paradise, apesar de terem sido os romanos que difundiram o hábito de
consumir couve, foram os escravos africanos que a popularizaram como alimento
na América do Sul. De um lado havia pessoas que precisavam comer o pouco que
encontravam e que lhes era oferecido. Do outro, uma verdura que crescia
facilmente em qualquer lugar. Pronto. Está feita a equação ideal para a
popularização de um alimento.
Das
senzalas para as casas dos senhores de engenho, a couve ganhou fama e se tornou
um ingrediente essencial para caldos verdes saborosos ou feijoadas completas.
Além disso, existem lendas de que ela traz boa fortuna se você consumir junto
com lentilhas na noite de Ano Novo. Já outros acreditam que sua folha colocada
sobre a testa pode ser um remédio para dores de cabeça.
Fonte: Cantinho Vegetariano via Revista dos Vegetarianos
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